Os Mortos de Sobrecasaca

"Havia a um canto da sala um álbum de fotografias intoleráveis, alto de muitos metros e velho de infinitos minutos, em que todos se debruçavam na alegria de zombar dos mortos de sobrecasaca. Um verme principiou a roer as sobrecasacas indiferentes e roeu as páginas, as dedicatórias e mesmo a poeira dos retratos. Só não roeu o imortal soluço de vida que rebentava, que rebentava daquelas páginas."

Carlos Drummond de Andrade, Os Mortos de Sobrecasaca (Sentimento do mundo, 1940)

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O COMENDADOR - Fidalgo do Eirô e "brasileiro" do Caboclo...

Retrato do Comendador Alfredo Pinto Coelho ainda jovem.
Séc. XX, início.
Fotografia gentilmente cedida pelo neto Alfredo Simões
Pinto Coelho.

"A ingratidão é o imposto cobrado à generosidade."

Carlos Drummond de Andrade


Esta frase de um conhecido poeta brasileiro é o mote para falar de um dos homens mais generosos do seu tempo por Terras de Basto e que o tempo se encarregou de esquecer ou não relembrar na proporção do seu altruísmo... O seu nome era Alfredo da Graça de Matos Pinto Coelho, também conhecido como Comendador Alfredo Álvares de Carvalho. Mas as confusões dos apelidos ficam para mais adiante...

Na linha temporal recuemos quase 150 anos...

O Assassínio de Inês de Castro.
Óleo sobre tela, Karl Briullov, 1834.
Museu Estatal Russo, São Petersburgo, Rússia.
Em Mondim de Basto, a 9 de fevereiro de 1869 nascia um menino de uma família com considerados pergaminhos, cuja madrinha de batismo foi Nossa Senhora da Graça, venerada no alto do imponente Monte Farinha. Era filho de Bernardo Gonçalves de Matos, de Atei, Mondim de Basto e de D. Maria do Patrocínio Pinto Coelho de Moura Teixeira, da vila de Mondim de Basto. Era pelo lado da sua mãe que lhe corria o "sangue azul" dos Pinto Coelho, Senhores de Felgueiras e do Paço de Simães, cuja linhagem ia até ao famoso antepassado medievo Egas Moniz, o aio do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Nobre família cheia de história e histórias ao longo dos séculos, nas quais se incluía a de outro antepassado, Pero Coelho que viveu no séc. XIV e que foi um dos implicados no assassinato da também famosa Inês de Castro. Este avoengo do Comendador não teve um final feliz, o rei D. Pedro I com sede de vingança mandou executá-lo de uma forma brutal, proporcional ao amor que o rei sentia por Inês de Castro. Mandou arrancar o seu coração pelo peito e depois queimar o corpo!

A vila de Mondim de Basto nos anos de 1915/1917.
Largo fronteiro à antiga Câmara Municipal, atual Largo do Conde de Vila Real.
Na fotografia de baixo, do lado esquerdo consegue-se ver parte do portal
da Casa do Eirô de Baixo, antes de ser remodelado pelo Comendador.
Postais ilustrados, Edição de José Teixeira Torres, circulados em 1917.
A sua nobre família tinha ramificações em várias Casas da vila de Mondim, a Casa do Balcão, da Costa, do Atalho, da Igreja e do Casal. E claro, as Casas do Eirô, a de Cima e a de Baixo! Parece que as ligações a esta Casa terão vindo pelo lado do seu avô materno, o Dr. José Pinto Coelho de Athayde de Portugal e Castro, que havia casado com uma senhora da Casa do Eirô de Cima, a D. Delfina Bárbara de Moura Teixeira Moreira.

Casa do Eirô de Baixo, onde viveu o Comendador Alfredo Pinto Coelho. Atualmente é o edifício da Câmara Municipal de Mondim de Basto. Esta casa pertenceu à família Pinto Coelho até à década de 70, do século passado, altura em que a família a vendeu ao município. Terá sido alvo de profundas reformas possivelmente no final da década de 10 ou durante a década de 20 do séc. XX, por iniciativa do Comendador, incluindo o portal, que apresenta o brasão com as armas dos Pinto, Ataíde, Coelho e Castro. Este brasão, assim como a estatuária serão mais antigos à reforma do séc. XX e, possivelmente, poderão até ter vindo da Casa da Costa, também da família, onde está atualmente a Misericórdia de Mondim de Basto. Este portal terá sido inspirado no portal do Paço de Simães, em Felgueiras, intimamente ligado à família Pinto Coelho.
Mas foram as ligações com outra conhecida família de Mondim de Basto, os Álvares de Carvalho, da Casa da Igreja que lhe ditaram o destino! O seu pai havia casado em segundas núpcias com Filomena de Assunção Álvares de Carvalho, uma irmã de outro comendador, José Augusto Álvares de Carvalho, o chamado "Comendador da Igreja", com grandes negócios no Recife, Brasil e considerado por alguns o homem mais rico de Pernambuco, no seu tempo! Emigrou apenas com 14 anos para o Brasil e construiu um império! E é com este "Comendador da Igreja" que Alfredo Pinto Coelho vai trabalhar.
Vista dos arrecifes, formações rochosas naturais
 que deram o nome à cidade do Recife.
Recife, Pernambuco, Brasil, Augusto Stahl, 1875.
Acervo Instituto Moreira Salles, in Brasiliana Fotográfica Digital.

Em 1891 ruma no vapor para o Brasil, para o Recife, capital de Pernambuco. Dinheiro não seria a razão certamente, era um emigrante especial! Quando chega ingressa na empresa do irmão da madrasta, a firma Álvares de Carvalho.

Era uma empresa enorme, conceituadíssima, fundada em 1851 por Joaquim Ferreira de Araújo Guimarães. Eram grandes importadores e retalhadores de ferragens, cutelarias e armas, com enormes depósitos de ferro, aço, cobre, latão e chumbo. Tinham uma loja icónica no centro da cidade, na Rua Duque de Caxias nº 86 chamada os Armazéns Caboclo. O curioso nome advinha de uns antigos sócios portugueses, da firma Ferreira Guimarães & C. que entraram em 1864 e que tinham a pele morena. Ora no Brasil os índios eram chamados de caboclos, nome algo injurioso por ventura, mas a cor exótica da pele dos sócios deu assim o nome aos armazéns, que ficou e perdurou no tempo, mesmo quando saíram os "caboclos" portugueses, em 1884 e entraram na sociedade o então já referido José Augusto Álvares de Carvalho, o "Comendador da Igreja", e Rodrigo Lopes de Oliveira, mudando o nome da firma para Álvares de Carvalho.

Vista da cidade do Recife, com o alto prédio dos Armazéns Caboclo em primeiro plano. Alusivo ao curioso nome encontram-se a decorar a fachada estátuas de índios. Ao fundo da rua vê-se a famosa Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Postal ilustrado, séc. XX, década de 20.
Alfredo Pinto Coelho começou primeiro como interessado, depois gerente e em 1896 torna-se sócio em exclusivo com o "Comendador da Igreja". Mas as relações foram além das profissionais e casou com a sua filha mais velha, D. Beatriz Augusta Álvares de Carvalho.

Este casamento durou pouco... A sua jovem mulher morre de parto, não deixando descendência. Mais tarde casa novamente com a brasileira D. Flora Isabel de Carvalho. Segundo um familiar terá sido um casamento arranjado que não lhe trouxe amor, vivendo vidas separadas, unidos apenas no formal papel!

O Comendador Alfredo Pinto Coelho, sentado ao centro, rodeado por familiares da Casa da Igreja. Sentada, do lado esquerdo está a sua sobrinha, D. Maria do Patrocínio. Década de 20 do séc. XX.
Fotografia gentilmente cedida por Luís Jales de Oliveira.
Anuncio dos Armazéns do Caboclo, onde aparece o
Comendador ladeado pelos sócios e interessados.
In Jornal do Recife, 1 de janeiro de 1929.
Em 1908 o sogro volta para Portugal e deixa a sociedade unicamente para Alfredo Pinto Coelho. Novos sócios são admitidos... Mas é com a 1ª Grande Guerra Mundial que a firma Álvares de Carvalho ganha novo fôlego, através do negócio do ferro e do armamento. A desgraça de uns foi a sorte de outros! E Alfredo Pinto Coelho fica cada vez mais rico, rico, rico... E muda o nome! Acrescenta aos seus apelidos "Álvares de Carvalho", o nome da sua firma, da sua primeira mulher e do seu sogro. Passa a ser conhecido como Alfredo Álvares de Carvalho! Como se de uma operação de marketing se tratasse a sua nova imagem "esquece" as centenas de anos de história dos Pinto Coelho! A pessoa funde-se com a marca... Era certamente uma pessoa de visão, muito à frente do seu tempo! E de FIDALGO PASSA A "BRASILEIRO", O DO CABOCLO!
Condecorações atribuídas a
Alfredo Pinto Coelho,
         o Comendador Benemérito.           

Mas a riqueza não lhe subiu à cabeça, apenas lhe aguçou a sua maior qualidade, a generosidade! Qualidade essa que pelas suas muitas ações como benemérito lhe deu o titulo de COMENDADOR, da Ordem de Cristo e da Ordem da Benemerência, pelos serviços prestados à comunidade brasileira, principalmente a de Pernambuco, e à comunidade portuguesa, a da sua terra natal, Mondim de Basto. Os anos 20 e 30 são o auge!

Diploma de sócio benemérito do Gabinete Português de Leitura
atribuído ao Comendador a 18 de janeiro de 1925.
Em Pernambuco era adorado. A todos ajudava... Foi um grande apoio do Real Hospital de Beneficência Português, no qual foi provedor por mais de 20 anos e muitas doações lhe fez. Há aliás na imprensa da época uma notícia de uma viagem que fez à Europa para visitar outros hospitais para ver como podia melhorar aquela instituição pernambucana. Mas não ficou por aqui... Foi também um grande benemérito do Gabinete Português de Leitura do Recife, do Clube Português, do Circuito Católico de Pernambuco, presidente do Banco do Povo e mais, e mais... Quando o Comendador chegava de viagem de Portugal havia sempre uma enorme comitiva para o receber!

Mas era pela sua terra natal e pelos seus que dava tudo!

A rural vila de Mondim de Basto nos anos de 1915/1917.
Postal ilustrado, edição de José Teixeira Torres, circulado em 1917.
Estampa de Nossa Senhora da Graça, mostrando como fundo
o Santuário no alto do Monte Farinha, vulgarmente conhecido
como Alto da Senhora da Graça.
Edição Lito. Nacional - Porto, Década de 30/40 do séc. XX.
Naquele tempo a vila de Mondim de Basto era mínima, não é que hoje seja muito grande, mas... E à pequenez juntava-se uma extrema pobreza, um extremo isolamento, mais rural era difícil! Mas o Comendador tentou e conseguiu mudar um pouco tão malfadada condição. As suas obras foram muitas... E todas pagas do seu bolso!

Imagine-se que no final dos anos 20 a vila ainda não tinha água canalizada e foi o Comendador que a trouxe, direitinha do Monte da Senhora da Graça. Ainda hoje essa água serve a parte antiga da vila! Mas muito mais houve... Muitas doações em dinheiro para os bombeiros e a banda de música, restauros da igreja matriz, da Capela do Senhor, construção da residência paroquial, transladação e reconstrução da Capela da Senhora da Piedade, que estava no cemitério e clara, a obra para a sua madrinha, a Nossa Senhora da Graça... Pagou o restauro do santuário, ofereceu várias imagens e reconstruiu a Casa do Ermitão e edifício de apoio aos peregrinos, que havia ardido durante um arraial de São Tiago.

O Comendador  ladeado por várias mulheres a comemorar o restauro do Santuário de Nossa Senhora da Graça.
Tirada no Santuário de Nossa Senhora da Graça, Mondim de Basto, década de 30 do séc. XX.
Fotografia gentilmente cedida por Luís Jales de Oliveira.
Antiga Rua do Costa Liberal, vendo-se ao fundo
a Casa da Costa antes de ser reconstruída.
Atualmente encontra-se lá o edifício da
Santa Casa da Misericórdia de Mondim de Basto,
e Lar de Idosos. Imagem de 1915/1917.
 Postal ilustrado, edição de José Ferreira Torres, circulado
 em 1917.
Também foi um dos maiores beneméritos do Seminário de Vila Real, e claro o Bispo agradecia! Tanto era que quando o Comendador chegava do Brasil, era o próprio Bispo de Vila Real que vinha recebê-lo a Mondim de Basto, com uma enorme multidão ao som da banda de música! Ficou para a memória, um quarto na Casa do Eirô de Baixo chamado o "quarto do Bispo" destinado apenas aquela eclesiástica figura.

Diploma de Irmão Honorário nº 1 da Santa Casa
 da Misericórdia de Mondim de Basto, atribuído
ao Comendador a 1 de outubro de 1936.
Foi também o fundador da Santa Casa da Misericórdia de Mondim de Basto, em 1935 à qual doou a sua Casa da Costa e quinta anexa para o sustento, assim como uma grande quantia em dinheiro e parte das rendas de vários edifícios que tinha no Recife. Pode-se dizer que as suas máximas também eram as obras da Misericórdia, "dar de comer a quem tem fome", "dar de beber a quem tem sede"...

Estátua "A Primavera" oferecida pelo Comendador
Alfredo Pinto Coelho à sua vila.
Largo do Conde de Vila Real, Mondim de Basto.
A Estátua da Liberdade, oferecida pela França aos
Estados Unidos da América, com o retrato do
autor, Fréderic Auguste Bartholdi e
inaugurada a 28 de outubro de 1886.
Em baixo, a fonte do mesmo escultor em Washington
com estátuas de morfologia idêntica à "Primavera".

Mas procurou também embelezar e trazer um toque mais cosmopolita para a sua rural vila. Ofereceu-lhe uma original estátua em bronze, algo do género da Estátua da Liberdade! Só que esta foi batizada de "Primavera". O mistério da estátua ainda hoje permanece! Terá sido comprada a um sucateiro no Recife, após um leilão de armas da 1º Grande Guerra Mundial, trazidas de França, que o Comendador havia ganho e como bónus o sucateiro mostrou-lhe a estátua, que também tinha a mesma origem das armas. O sua autoria é desconhecida, mas... Será do francês Fréderic Auguste Bartholdi, autor da famosa Estátua da Liberdade? Será da sua oficina, de um seu discípulo? Ninguém sabe, mas o que é certo é que apresenta algumas semelhanças com outros seus trabalhos. De que região de França terá vindo? Possivelmente foi vendida após as destruições causada pela 1ª Grande Guerra, e o tema da Liberdade é recorrente em França, aliás também a Marianne, personificação da figura da República Francesa é apresentada a segurar a tocha da Liberdade. É um mistério que permanece. Esta "Marianne" batizada de "Primavera" foi colocada em frente da Casa do Eirô de Baixo, onde ainda permanece, a 1 de dezembro de 1932.
O Comendador com a companheira Maria Rosalina
Pires dos Reis durante uma viagem ao Buçaco em 1934.
Fotografia gentilmente cedida por Luís Jales de Oliveira.

Mas a vida social e pessoal do Comendador também deu que falar! Já na casa dos 60 e tal anos conheceu em Mondim de Basto uma jovem que o deslumbrou e que foi o amor da sua vida! A separá-los, 46 anos de diferença de idade e uma condição social radicalmente oposta! Este seu novo amor chamava-se Maria Rosalina Pires dos Reis. Morava na Rua Velha e era filha de Francisco dos Reis e Cândida Pires. Nasceu a 18 de maio de 1915 e pertencia a uma família bastante humilde. Que escândalo! Um fidalgo, de uma família tão conhecida e conceituada, riquíssimo, casado ainda e a namorar com uma jovem senhora! O que as bocas calavam, as mentes todas falavam. Ninguém tinha coragem de o criticar, uns porque achavam que era uma excelente pessoa, outros porque lhe deviam tanto e outros ainda porque lhe queriam tanto (dinheiro)! O que é certo é que o seu casamento com Flora, a brasileira, nunca foi além do papel e ele nunca se quis separar dela, mas ainda assim todos sabiam da vida uns dos outros e todos aceitavam naturalmente! E assim foi...

Viveu maritalmente com Maria Rosalina na sua Casa do Eirô de Baixo e teve quatro filhos, os seus únicos descendentes, devidamente reconhecidos, apesar de nunca ter casado com a sua companheira. Nasceram dois rapazes e duas raparigas, Alfredo, Maria do Patrocínio, Maria de Lourdes e Artur.

O Comendador Alfredo Pinto Coelho, mais velho,
na década de 30 do séc. XX.
Fotografia gentilmente cedida pelo seu neto Alfredo
Simões Pinto Coelho.
Maria Rosalina acompanhava-o frequentemente nas suas viagens ao Brasil e era como esposa que era apresentada e reconhecida. Flora ficou esquecida, sem nunca ter sido lembrada... A família do Comendador nunca se terá conformado, pelos menos as duas irmãs "solteironas" que moravam na Casa do Eirô de Cima, paredes meias como o de Baixo sempre com sorrisos amarelos para a sua "cunhada" durante a vida do comendador e que depressa se tornaram semblantes fechados após o seu desaparecimento. Ainda há quem se lembre do "muro da vergonha" que foi construído após a morte do Comendador para separar os dois Eirôs. Assim as Senhoras Pinto Coelho não tinham de ver a mulher escolhida e os herdeiros legítimos  do Comendador.

É tão fácil criticar... Mas as suas ações valeram por tudo e abafaram as invejosas palavras que possam ter sido ditas e muito pensadas. Muitas famílias de Mondim lhe devem, muitos foram os que ele deu trabalho numa terra sem nada para dar, levava-os às suas custas para o Brasil e iam trabalhar para a sua firma Álvares de Carvalho. Bastava pedir e ele dava a mão! Ainda há quem se lembre das esmolas da Casa do Eirô! Era um dia por semana que os pobres faziam fila à sua porta para receber uma bandeja de moedas que lhes era sempre dada sem falta.

Jazigo do Comendador e família mandado construir
por ele no cemitério de Mondim de Basto.
Tudo isto durou até 11 de setembro de 1942, altura em que o Comendador morre no Porto com a idade de 73 anos. Em testamento deixou os seus bens do Brasil à sua legitima mulher, Flora e a muitos mais amigos, e à companheira e filhos os seus bens em Mondim de Basto. Pediu ainda que lhe fosse rezada todos os meses uma missa pela sua alma. E o pedido foi cumprido... Na Capela da sua Casa era sempre rezada missa e no final a família dava sempre a esmola a todos os pobres, como ele gostava. E assim foi assim até um dia...

Na capela já não há missa, na casa já não há família! Já não se ouve a banda de música nem o tilintar das moedas nas bandejas... SILÊNCIO é tudo o que resta, um silêncio que percorre todas as ruas da vila. Ainda assim uma voz, não sei, algo, teima em lembrar que o mais nobre dos gestos não pode ser esquecido, pois tal como diz o poeta e nunca é demais repetir...

"A ingratidão é o imposto cobrado à generosidade."

Carlos Drummond de Andrade


O neto do Comendador, Alfredo
Simões Pinto Coelho com a sua avó
Maria Rosalina Pires do Reis,
carinhosamente chamada de
"Avó Lina".
Mondim de Basto, 2001.
Agradecimentos especiais:

Ao neto do Comendador, Alfredo José Simões Pinto Coelho pela sua enorme generosidade em me ajudar nesta hérculea tarefa;

A Luís de Jales de Oliveira pela cedência de algumas fotografias do seu acervo particular.